Em coletiva de imprensa, na manhã da quarta-feira, 3, o prefeito Paulo Polis e equipe detalharam ações e as próximas etapas em função do temporal de granizo que atingiu praticamente a metade da população em 23 de novembro
O Comitê de Gerenciamento de Crise para o enfrentamento da Situação de Emergência realizou, na manhã desta quarta-feira (03), uma coletiva de imprensa no GRAU – Grupo de Resposta a Atendimento de Urgência, para apresentar o balanço dos primeiros 10 dias de atuação após a tempestade de granizo que atingiu Erechim no último dia 23 de novembro, e detalhar o planejamento das próximas etapas de trabalho.
Participaram da reunião o prefeito Paulo Polis, o vice-prefeito Flávio Tirello, o presidente da Câmara de Vereadores, vereador Fifo Parenti, o coordenador da Defesa Civil de Erechim, Vagner Manica e o presidente da Força Voluntária Alto Uruguai, Ronaldo Manica.
União foi fundamental para uma resposta rápida
O prefeito Polis afirmou que a resposta rápida à catástrofe foi possível em função da união de esforços entre a Defesa Civil, a Força voluntária, Executivo e Legislativo: “Isso proporcionou uma capacidade de reação relevante e necessária. O trabalho em equipe foi crucial. A Câmara de Vereadores, por exemplo, agiu em tempo recorde (dois dias) para liberar recursos para a contrapartida municipal antes que as verbas dos governos federal e estadual fossem aportadas”.
Case de sucesso
Para gerir uma crise desta proporção, o prefeito nomeou Ronaldo Mânica, com o coordenador operacional, responsável pelo dia a dia das ações no GRAU, enquanto ele ficou com as decisões estratégicas: “A capacidade de resposta do município pode vir a ser utilizada como um case de sucesso pelas Defesas Civis Nacional e Estadual, devido à estrutura e capacidade colaborativa. Ouvimos deles que aqui estiveram sobre nossa maneira de gerir a crise”.
11 mil famílias e quase 43,5 mil pessoas atingidas
Polis apresentou os números atualizados do temporal. Quase 11mil famílias foram afetadas e em torno de 43,5 mil pessoas. Até ontem eram 412 feridos, sendo que dois estão na UTI e quatro permanecem internados
“Já foram entregues 44 carretas de telhas de fibrocimento”
Nesses 10 dias após o temporal de granizo, foram distribuídos 2.640 rolos de lona, o que representa 1,5 milhão de metros quadrados.
Quase 45 mil telhas de fibrocimento foram entregues aos atingidos, sendo 11.070 de 4 milímetros e 33.759 de 6 milímetros. Dos vouchers de telhas entregues nas casas atingidas (4.035), já foram retirados 1.735. “Já foram entregues 44 carretas de telhas de fibrocimento. Uma carreta popular carrega em torno de 1.000 telhas. A necessidade diária é de seis a sete carretas”, salientou Polis.
32 bairros finalizados
O trabalho das equipes da prefeitura de Erechim, já finalizaram 32 bairros: “as equipes estão fazendo revisitas nos bairros para atender pessoas que não estavam em casa na primeira passagem”, relatou o prefeito Paulo Polis.
7.400 atendimentos
Após o temporal foram distribuídas 3.699 cestas básicas; 1.492 kits de limpeza e mais 701 kits de higiene. Foram realizados 7.400 atendimentos.
O CRAS do bairro Progresso realizou 3 mil atendimentos; do Linho mais 1.200 atendimentos e do Presidente Vargas, outros 3 mil.
Central de Doações
Via central de doações foram entregues 115 colchões de casal e 198 colchões de solteiro. Na manhã de ontem, 3, o Grau recebeu mais uma quantidade de colchões.
Mais de 400 cargas de entulhos
A tempestade de granizo que durou de 10 a 15 minutos, afetou em torno de 15 mil casas. E os estragos podem ser mensurados pela quantidade de entulhos gerados. Até ontem, no décimo dia após o temporal, foram retiradas das ruas, 360 cargas de telhas de cerâmica e de fibrocimento e mais 56 cargas de móveis, como sofás, colchões e eletrodomésticos. E não estão contabilizados os entulhos entregues diretamente no ecoponto e outros locais disponibilizados pelo município.
Maior reforma e recolocação de telhados da história
Polis afirmou que o rastro deixado pelo temporal de granizo está fazendo com que o município realize a maior reforma e recolocação de telhados, além de estruturas de moradias da história de Erechim: “A maioria das casas afetadas tinham telhados de 4 milímetros, com 30 a 40 anos de uso, e viraram uma folha de papel. Agora, a maioria terá telhas de 6 milímetros”.
Prioridade: famílias de baixa renda
O prefeito reforça que a prioridade do momento é atender as famílias de baixa renda, que representa em torno de 5.500 famílias: “a meta é que todas as casas tenham telhas definitivas até o dia 20 de dezembro. Mas não retirem as lonas ainda, em função da capacidade braçal de entrega das mesmas”.
Impacto emocional
Em função do impacto emocional acarretado pelo desastre natural, o prefeito determinou também, prioridade de atendimento para pessoas acamadas, idosos, pessoas com deficiência, crianças e famílias com autistas: “a reconstrução não é uma corrida de 100 metros. É uma maratona. E os reflexos dos estragos se darão pelos próximos seis meses, um ano”.
Os valores para reerguer o município
Não se tem ainda um valor exato que será necessário para a reconstrução do município. Mas de acordo com o prefeito Paulo Polis o valor deve ficar em torno de R$ 50 milhões.
Recursos estaduais
Fez questão de frisar durante a coletiva de imprensa, a agilidade dos governos federal e estadual: “O governo do RS colocou a Defesa Civil estadual a nossa disposição, com estrutura, recursos financeiros, kits (colchão, higiene e limpeza) e intermediou uma série de doações um dia após a catástrofe. Disponibilizou R$ 1 milhão para a reestruturação do telhado do Santa Terezinha e mais R$ 2 milhões para pagamento do 13º dos funcionários, que deve ser depositado até o dia 15 de dezembro”.
Em torno de 16 milhões de recursos federais
Enalteceu também a agilidade do Governo Federal, que encaminhou para Erechim a Defesa Civil Nacional, para análise técnica dos estragos causados pelo temporal: “fez a avaliação e já publicou no DOU (Diário Oficial da União) a liberação de recursos, que deve estar à disposição no máximo em 15 dias. No total devem aportar entre R$ 15 e 16 milhões para ajuda humanitária e telhas”.
“Vamos sair muito mais fortes desse episódio”
Entre os governos federal e estadual a estimativa é de se ter entre R$ 20 e 23 milhões). E para fechar a conta, dos R$ 50 milhões, serão necessários recursos próprios. Entre eles os R$ 5 milhões repassados pelo Legislativo: “Estamos revendo todos os gastos, e algumas obras que estavam na nossa programação não serão feitas nesse momento. O foco é garantir um Natal digno às famílias atingidas. E vamos sair muito mais fortes desse episódio”, sublinhou Polis.
Liberação do Fundo de Garantia de até R$ 6.220,00
Uma notícia importante, relatada pelo prefeito, na manhã de ontem, 3, foi a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em função da calamidade que se instalou no município: “Conseguimos em tempo recorde essa liberação e as pessoas não precisam ir até o banco, podem fazer pelo aplicativo do fundo. Será permito o resgate de até R$ 6.220 por conta.
Impacto econômico: até R$ 100 milhões
A estimativa é que de 20 mil a 25 mil pessoas, entre os mais de 42 mil trabalhadores com carteira assinada, acionem os recursos do Fundo de Garantia: “isso deve injetar na economia local entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões. Isso irá aquecer as vendas do comércio que também foi atingido pelo temporal, e ajudará na reestruturação das casas e compras de móveis e outros itens que se perderam com o temporal”, frisou Polis.
Recursos dos seguros habitacionais
Atualmente a Caixa possui 9 mil contratos habitacionais ativos em Erechim: “estima-se que 50% desses contratos foram afetados, e tem direto à recomposição pelo seguro. As seguradoras já vistoriaram em torno de 700 moradias e deve chegar a 1.500 até a próxima semana”, esclarece o prefeito.
Cancelamento de investimentos planejados
Retornando ao assunto, de onde virão os recursos próprios, para contemplar os R$ 50 milhões de gastos estimados (até R$ 30 milhões), Polis relatou o cancelamento de alguns investimentos planejados como obras de asfalto nas avenidas Maurício Cardoso e Sete de Setembro e aquisição de veículos, além dos R$ 5 milhões destinados pela Câmara de Vereadores.
IPTU: “Reduzir a receita seria uma insanidade administrativa e financeira”
O prefeito Polis tocou num ponto durante a coletiva, sobre a proposta de alguns vereadores de isenção de IPTU para os atingidos. Posicionou-se contra e argumentou os motivos: “O IPTU é um imposto próprio do município que sustenta a estrutura de serviços públicos. Reduzir a receita neste momento seria uma insanidade administrativa e financeira”, pontou.
Uma alternativa, e posteriormente será analisado pelos vereadores é não aumentar os valores do IPTU para o próximo ano: “é uma boa opção, mas a redução não é viável”, ponderou o prefeito.
Escassez de mão de obra
Entre os desafios do momento é a escassez de mão de obra, em função da quantidade de serviço necessário: “Embora tenha esse problema, e temos ajuda dos municípios da AMAU com várias equipes, há relatos de aumento de preços por algumas empresas devido à oferta e procura”, disse Polis.
Serviços não essenciais
Alguns serviços não essenciais, como operação tapa-buracos foram temporariamente paralisados para reforçar e focar na limpeza urbana.
Redução de ansiedade da população
Nas catástrofes sempre surgem as fake news e golpistas que buscam tirar proveito da situação. Sobre esse tema, o prefeito Polis orientou a população a utilizar os canais oficiais para buscar informações: “Desta forma se reduz a ansiedade da população. A fake news desinforma e é extremamente nociva, pois ao criar problemas, exigem um esforço muito maior da administração para restabelecer a normalidade”, sublinha o prefeito.
Momento de dar uns recados
Além de informativa, e prestação de contas à população do que foi feito nesses dez dias após o temporal, foi momento do prefeito Polis dar uns recados, sobre algumas coisas que vem lhe incomodando nesse período: “É preciso ter menos vaidade e mais espírito de grupo e união, evitando que pessoas tentem se colocar como heróis”.
Programação básica de Natal é mantida
Sobre a programação de Natal, já que as estruturas montadas foram amplamente prejudicadas com o temporal, Polis relatou que as programações mais custosas, como shows nacionais foram cancelados para reduzir custos, que serão aplicados na reconstrução de Erechim: “A programação básica, como a recomposição da Praça da Bandeira e colocar a roda gigante a funcionar está mantida, para preservar a alegria do Natal e estimular o comércio, que também será beneficiado pela injeção de recursos do FGTS”
“Uma aula de Educação Moral e Cívica ao vivo”
“A tragédia está sendo encarada como um momento de profundo aprendizado para o corpo de servidores, muitos dos quais não conheciam as realidades mais profundas dos bairros”, relatou o prefeito. Para ele a experiência está sendo uma “aula de Educação Moral e Cívica ao vivo”
Construção de um “manual de instrução”
Para o prefeito, um evento climático desta envergadura não tem nada escrito de como proceder: “o município está construindo a cada dia um manual de instrução, pois não tem nada que nos oriente para uma tempestade tão devastadora de 10 a 15 minutos”.
“O município escolheu o caminho do fortalecimento e da resiliência”
Na coletiva, Polis disse que a população tem dois caminhos diante da catástrofe: “Aceitar e se transformar em um "muro das lamentações", ou se fortalecer, resolver e ficar mais forte. O município escolheu o caminho do fortalecimento e da resiliência”
Montagem de um quebra-cabeça gigante
A recuperação pós-catástrofe, conforme descrita na coletiva, assemelha-se à montagem de um quebra-cabeça gigante: cada peça deve ser encaixada com organização e sentido de direção. Sem essa coordenação, o esforço individual, por maior que seja, pode se tornar ineficaz.